segunda-feira, 6 de maio de 2013

Fiasco na Calçada

Essa é para quem mora em Curitiba. 

Quem não mora aqui não vai entender o que aconteceu, então vou fazer um breve resumo da situação.

A Prefeitura de Curitiba, em sua administração anterior, liderada pelo ex-prefeito Luciano Ducci, começou a realizar uma obra na Avenida Bispo Dom José, no bairro Batel. Para quem não sabe, o Batel é um dos bairros "chiques" de Curitiba. A obra em questão foi uma calçada feita de granito na referida avenida. A idéia era de que ali, como existe um grande número de lojas e bares, se transformasse em um boulevard sofisticado, visando a atração dos turistas que virão assistir aos jogos da Copa do Mundo 2014 realizados aqui. 

Quando mudou a administração da cidade, agora na mão do novo amigo de petistas, Gustavo Fruet, sua 1ª providência foi, em uma demonstração rasteira de populismo da pior espécie, parar a colocação do granito e finalizar a obra com concreto mesmo. Não vou discutir se era ou não o caso de se revestir as tais calçadas com granito (é claro que não era), mas teria sido melhor, então, finalizar a obra conforme o previsto e não fazer um remendo só para dar uma resposta à quem não estava pedindo.

Outro fato em relação à obra foi a colocação, no trecho reformado, de alguns bancos de madeira. Várias pessoas dizem que os bancos são de madeira maciça (não sei, pois não passo por ali a pé), o que seria algo anti-ecológico na capital ecológica. 

Estava marcada para ontem 05/05/13, uma manifestação contra a desigualdade de tratamento dado pela prefeitura para os bairros da cidade. O protesto teve o sugestivo nome de "Farofada na Calçada" e foi organizado pela artista e produtora cultural Kaley Michelle. A idéia surgiu depois que um vídeo com guardas metropolitanos expulsando alguns skatistas que estavam depredando os bancos de madeira, os usando como rampas, foi divulgado na internet (aqui). Perceba como o guarda municipal trata o skatista com educação e não o desrespeita ou agride de qualquer maneira em momento algum. Era esperado que milhares de pessoas aderissem à manifestação, já que quase 7.000 pessoas confirmaram sua participação através do Facebook. Houve, inclusive, por parte de um vereador da cidade grande preocupação com o trânsito e segurança das pessoas que por ali fossem transitar durante o tempo previsto para durar o protesto. 

Skatista e um dos bancos usados para manobras. Perceba que o banco já está devidamente pixado.
Acontece que o tal protesto foi um fracasso retumbante. Das 7.000 pessoas que confirmaram participação, apareceram, pelos números (sempre otimistas) dos organizadores, cerca de 100. De acordo com algumas pessoas que conheço e que passaram pelo local, na verdade não chegava a 50 o número de gatos-pingados que ali se reuniram, incluindo alguns vendedores ambulantes que aproveitaram a "aglomeração" para tentar faturar. Quem passou de carro pelo local nem percebeu que havia uma manifestação ocorrendo ali. Para piorar ainda mais o fiasco, os organizadores pretendiam que se apresentassem grupos de artistas para chamar mais atenção ao que estava acontecendo. Pelo jeito só apareceu um cara com um sax por lá.

Farofeiros durante o protesto que "parou" Curitiba
Tudo bem. Aqui, apesar dos esforços do PT, ainda é um país livre, (algumas) manifestações são válidas e a praça é pública. Mas não vamos exagerar.

Vamos fazer algumas considerações:

- A idéia surgiu depois da divulgação do vídeo com os skatistas. Qual o motivo da indignação? Os caras, além de atrapalhar o fluxo de pessoas a pé, ainda usavam os bancos para fazer suas manobras o que, certamente os estava estragando. Reclamaram do custo de R$ 149,00 por metro quadrado da obra, mas o fato dos caras estragarem os bancos, que também certamente não saíram baratos, ninguém fala. E tem mais. Curitiba oferece várias pistas de skate grátis para quem quiser usar. Os caras não precisam fican enchendo o saco dos lojistas locais ou molestando os pedestres que por ali transitam.   

- Os ecochatos de plantão não reclamaram da colocação dos bancos maciços, não ecológicos nem sustentáveis (não acredito que escrevi isto!).

- Podem negar, mas é óbvio que a prefeitura vai dar mais atenção aos bairros mais nobres, que são os que atraem maior número de consumidores e também de turistas. Então vamos parar de babaquice. A prefeitura tem um monte de obras para fazer até a Copa e já está um tanto quanto atrasada. Tem que dar atenção à todos sem dúvida, mas agora tem que priorizar o que for mais importante para a cidade não fazer um papelão internacional.

-  Ficou claro que o objetivo do protesto é mais politico do que social.  De acordo com as palavras da própria organizadora podemos perceber isso. Segundo ela, o fato de terem se manifestado sobre a construção da calçada vai influenciar a política daqui para frente. Será mesmo? 50/100 pessoas vão influenciar decisões políticas ou mesmo administrativas do poder público? Outro ponto abordado por ela foi de que uma segunda manifestação está sendo organizada. Dessa vez o alvo é a "caixa-preta do transporte coletivo de Cutitiba", que, de acordo com seu entendimento deve ser aberta. É sempre a mesma coisa com esses caras. Começam fazendo de conta de que sua preocupação é com alguma "causa social", para depois revelarem suas intenções políticas. 

É apenas mais um grupelho de pressão que tenta sair da casca.  

 

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