segunda-feira, 25 de março de 2013

Tipinhos Imprestáveis IV

Volto hoje à um tema que já tratei aqui em algumas ocasiões: os tipinhos impretáveis. 

Sim, faz um certo tempo que não falo deles, então me pareceu boa idéia voltar a abordá-los já que somos obrigados a conviver diariamente com algumas dessas figuras tão desagradáveis, que só servem para infernizar nossa vida.

Meu escohido de hoje é certamente um tipinho que todos conhecem e, quem sabe, tem um contato diário. É terrível e assume as mais variadas formas, podendo ser um pai, uma irmã, um chefe, cunhado e assim por diante. É o mundialmente famoso O Bom! É simplesmente o máximo.

Você conhece o tipo. Se aplica tanto a homens como mulheres. Na maioria das vezes é homem, mas existem várias mulheres que integram esse rol.

Tudo o que ele possui ou realiza é sempre incrivelmente melhor que o que você tem ou faz. Não falha uma. 

É sempre o mais bonito, mais rico, mais inteligente, o melhor em todos os esportes, mais culto, mais bem sucedido, faz as coisas mais interessantes, é irresistível para o sexo oposto, etc. Não deve ser confundido com outro tipinho imprestável de que já tratei aqui: o sabe-tudo. O sabe-tudo, embora seja um chato insuportável, é apenas um teórico. Nosso o bom, além de saber das coisas, coloca em prática o que diz (ou mente que coloca). 
 
Digamos que você conseguiu sair com alguma colega que estava de olho faz algum tempo. O bom, desde sempre sabia que tal colega estava interessada nela, o bom, e não em você. OK. Quando o bom fica sabendo que é você quem está saindo com ela, como ele reage? 

a) percebe que não era a fim dele que a colega estava e sim de você e se dá por vencido, como uma pessoa racional?

ou

b) acha que o fato dela estar saindo com você apenas evidencia o quão apaixonada na realidade está por ele, o bom, e só está saindo com você para fazer ciúmes à ele ou então para te usar para conseguir maiores informações sobre ele, o bom?

Para a maioria das pessoas, a alternativa correta é a letra A. Porém para um ser anormal e totalmente desprovido de limites, como o bom, a resposta a se aplicar é a letra B.

O problema não é só esse. O problema é que, na maioria das vezes, ele vai precisar te rebaixar para conseguir se sobressair. Nunca, em nenhuma hipótese, nada seu será melhor que o dele. Suas ações, feitos e conquistas nunca serão, nem de perto, equivalentes às dele. 

Pode ir desde um fato bobo corriqueiro até um bem de grande valor financeiro. Você nunca vai vencê-lo. Mesmo que você tenha conseguido superá-lo materialmente em algum bem de consumo, digamos um carro novo qualquer, certamente você será rebatido com a seguinte justificativa por parte do bom: 

- Eu até pensei/poderia comprar um desses (na maioria das vezes dirá um que seja superior ao seu), mas não preciso. Para minhas necessidades o meu está ótimo.

Outro comentário do bom quando foi superado é o despeito puro e simples. Algo assim (ainda em relação aos carros):

- Não gosto desse modelo.

ou

- Dizem que dá muita manutenção.

ou

- Um amigo meu teve um desses e disse que é uma droga. Detestou tanto que já trocou por um como o meu!

ou

- Carro de verdade mesmo é X (modelo ou marca que ele tem).

ou

- O seguro é caro, consome demais, desvaloriza muito, anda mal, ninguém vai querer comprar depois, após 5 anos parecerá que tem 15, etc.

Inveja pura.

Você pode substituir o exemplo do carro por outro qualquer bem que o resultado será sempre o mesmo. 

Um detalhe importante. Perceba que ele nunca irá se referir ao valor financeiro da coisa. Ele não admitiria em nenhuma hipótese que não tem porque não pode comprar. Ele sempre pode, apenas não quer ou não precisa.

Mas isso é algo tangível. Imagine algo que não tem como mensurar. Um dia em seu expediente de trabalho, por exemplo. Imagine todas as coisas fantásticas que ele consegue realizar por dia. Pense nos pobres imbecis que não conseguem fazer seus respectivos trabalhos à altura. Além de desempenhar brilhantemente suas funções, ainda tem que consertar os erros dos outros.

Por falar em erro, essa é uma palavra que não existe em seu vocabulário. Se algum equívoco foi cometido, obviamente não foi por ele e nem por culpa dele. Se alguém errou, logicamente não foi ele, pois o bom não erra. Nunca!

Nenhum comentário:

Postar um comentário