sexta-feira, 1 de março de 2013

Guia Básico de Cinema Capítulo XIII



Resolvi fazer o post de hoje sobre cinema utilizando como tema grandes atrizes. A ideia é mostrar 5 grandes produções estrelado por 5 grandes atrizes. Vamos a eles:


Ninotchka – Ninotchka (Ernst Lubitisch - 1939)

A comissária Ninotchka (Greta Garbo) do governo soviético, vai a Paris para supervisionar o desempenho de 3 agentes que tinham a incumbência de realizar um negócio com um joalheiro, mas que simplesmente preferiram aproveitar os luxos e mordomias franceses. Extremamente rígida e focada, ao chegar a Paris, ela acaba conhecendo e se envolvendo com um Leon (Melvin Douglas), um playboy local que representa tudo aquilo que ela mais odeia e combate. Aos poucos ela vai sucumbindo aos encantos e estilo de vida do galanteador que deve combater. Porém algo inesperado acontece e ela deve retornar imediatamente a Moscou, onde se deparará com a realidade do mundo que defendia até então.

Não se assuste pela idade do filme. Ninotchka é um filme sensacional e, diferentemente da maioria dos papéis de Greta Garbo, aqui ela faz uma comédia. A presença dela é magnética. Embora não tenha sido das atrizes mais belas do cinema, havia algo de misterioso e indecifrável em relação a ela que a tornava extremamente atraente e interessante. Outro fato interessante é que esse é um dos poucos filmes em que ela ri. Ainda que seja considerada hoje em dia como uma das melhores e mais importantes atrizes da história, ela nunca chegou a ganhar um Oscar como melhor atriz, embora tenha sido indicada 4 vezes. Em 1954 a Academia de Cinema de Hollywood conferiu a ela um Oscar especial pelo conjunto de sua obra. Evidentemente que ela nem se deu o trabalho de comparecer à cerimônia de entrega. Existem várias lendas cercando Greta Garbo, e o fato de ter se retirado totalmente da indústria do cinema prematuramente dos 36 anos até sua morte em 1990. Uma das melhores citações sobre ela diz o seguinte: “Greta Garbo é como a Mona Lisa – uma das grandes coisas da vida. E tão distante quanto”.


Gilda – Gilda (Charles Vidor - 1946)

Johnny Farrell (Glenn Ford), um vigarista e jogador americano, chega a Buenos Aires e vai trabalhar como homem de confiança de Ballin (George Macready)  um sinistro dono de cassino (atividade proibida na Argentina na época) . As coisas vão muito bem até que Ballin Mundson resolve se casar com a sensual Gilda (Rita Hayworth). Aqui começam os problemas, pois Johnny e Gilda tem um passado não muito feliz juntos e isso pode arruinar os planos dele, pois Gilda parece querer retomar sua relação de onde pararam.

Gilda, cheio de frases dúbias e cheio de cenas sugestivas como a famosa cena do strip tease de Wayworth, é considerado um dos filmes mais eróticos já feitos por Hollywood e extremamente ousado para os anos 40. O filme é cheio de cenas e diálogos marcantes, mas a cena citada acima certamente é uma das mais famosas de toda a história do cinema. Aliás, Rita Hayworth foi dublada por Anita Ellis na cena em que canta no clube noturno. Outro fato interessante é que Gilda foi escrito especialmente para ela, que só aceitou realizá-lo quando foram feitas várias alterações que deixaram sua presença ainda mais valorizada. Esse foi também o 3º de uma série de 7 filmes que Rita Hayworth e Glenn Ford atuaram juntos entre 1940 e 1977.


A Malvada – All About Eve (Joseph L. Mankiewicz - 1950)

A Malvada conta a estória de Eve Harrington (Anne Baxter), garota simples e humilde que tem a sorte de conhecer e ir trabalhar para Margo Channing (Bette Davis), uma estrela da Broadway. Com o passar do tempo, a mocinha ingênua vai se mostrando uma mentirosa manipuladora que estuda atentamente todos os passos de Margo, para tentar puxar seu tapete e tomar seu lugar como a grande estrela da Broadway.

A Malvada é um filme muito interessante, brilhantemente realizado e que conta com atuações fantásticas por parte de Anne Baxter, Bette Davis e de George Sanders, vivendo o cínico crítico Addison deWitt. É deWitt quem nos conta toda a estória dos bastidores em flashback, na noite da consagração de Eve, que recebe o prêmio máximo do teatro. O filme começa bem aqui. Embora deWitt seja um cínico desgraçado, ele foi o único a perceber totalmente o que estava para acontecer desde o início. A Malvada é o recordista de indicações ao Oscar, com 14, tendo vencido em 6 categorias, inclusive melhor filme e direção.


A Condessa Descalça – The Barefoot Contessa (Joseph L. Mankiewicz - 1954)

No funeral da atriz de cinema Maria (Vargas) D’Amata (Ava Gardner), 3 homens ali presentes contam sua trajetória meteórica, desde uma dançarina na Espanha até uma estrela internacional. Cada um desses homens teve um papel fundamental na vida de Maria Vargas; o diretor de seus filmes Harry Dawes (Humphrey Bogart), o assessor de imprensa Oscar Muldoon e, finalmente seu marido, o Conde Vicenzo Torlato-Favrini.

A Condessa Descalça é um filme muito bom, com grandes interpretações, diálogos e cenas memoráveis, como aquela em que Maria D’Amata conhece seu futuro marido, o conde Torlato-Favrini em um cassino. Além disso, o filme faz referências à fatos reais, como a relação que Ava Gardner tinha com o milionário excêntrico Howard Hughes. Essa relação foi o que inspirou a relação da personagem Maria com seu primeiro patrão em Hollywood, o estranho produtor Kirk Edwards (Warren Stevens). Outro fato real é que o roteiro do filme se baseou na história real da dançarina latina de cabaré Margarita Cansino, que adotou o nome artístico de Rita Hayworth. Rita colocou de lado a carreira de atriz para se casar com um nobre, o príncipe Aly Khan, em 1949.

Oscar de melhor ator coadjuvante para Edmund O’Brien


Minha Bela Dama – My Fair Lady (George Cokor - 1964)

Estrelado por Audrey Hepburn e Rex Harrison como Henry Higgins, Minha Bela Dama conta a estória da humilde vendedora de flores Eliza Doolittle (Hepburn) que, em uma de suas noites típicas de trabalho se depara com o pomposo professor de fonética Henry Higgins (Harrison). Esse encontro casual causa enorme mal estar em Higgins por conta da entonação de voz e a pronuncia de Eliza, ambos sofríveis. Nesse momento ele faz uma aposta com seu amigo, o coronel Hugh Pickering (Wilfrid Hyde-White) que em 6 meses é capaz de transformar Eliza em uma dama da sociedade, capaz de se passar até por uma rainha. Assim, Eliza se muda para a casa de Higgins, para aprender a se portar e falar corretamente, pois dali a 6 meses será apresentada em um baile para toda a aristocracia londrina.

Minha Bela Dama é uma comédia musical e um dos melhores e mais legais filmes que você pode assistir. É um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. É um grande filme com passagens muito marcantes. Para mim é um dos melhores desempenhos da dupla de protagonistas. A graça e delicadeza de Audrey Hepburn são indispensáveis no resultado final da transformação sofrida por Eliza. Rex Harrison é um grande ator, provavelmente desconhecido das novas gerações ou daqueles que só assistem blockbusters, e mesmo interpretando um Henry Higgins egoísta, arrogante e antipático, em momento algum conseguimos sentir raiva ou desgostar de Higgins, tamanha leveza do filme. A utilização do contraste de cores e figurino também são magníficos. Mesmo tendo 3 horas de duração, Minha Bela Dama passa num piscar de olhos.

O filme foi baseado na peça Pigmalião do escritor irlandês George Bernard Shaw, escrita em 1913. Recebeu 12 indicações do Oscar e ganhou em 8 categorias, incluindo melhor filme, direção, ator, fotografia, figurino e trilha sonora. 


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