quinta-feira, 21 de março de 2013

Causou na balada



Já percebeu que é cada vez mais frequente nos depararmos com o termo "causou" ou "causar" em textos e reportagens, principalmente na internet? Isso não exclui, obviamente, o fato de que diversas pessoas também acabam repetindo. O problema não é o termo em si, mas a maneira como vem sendo empregado constantemente.

Darei um exemplo para ilustrar. Quantas vezes você já se deparou com a seguinte manchete em algum portal de notícias?

- Fulana de tal (provavelmente uma subcelebridade qualquer) "causou" em balada. 

Se você já havia reparado nisso, certamente entende que empregar o(s) termo(s) citado(s) da maneira acima é uma estupidez e uma ignorância, sem contar que quem o profere ou escreve passa imediatamente a um atestado de analfabetismo ou de alfabetização precária.

É o típico caso de burrice que acaba "pegando" e vira moda.

Provo o que digo.

Vamos analisar a frase acima:

- Fulana de tal causou em balada.

OK. Qualquer pessoa minimamente alfabetizada percebe que causou é conjugação do verbo causar. Todos sabem que causar é um verbo.

Acontece que causar é um verbo transitivo direto, ou seja, exige complemento por objeto direto.

Quem causa, causa algo, certo?

O que a Fulana de tal do exemplo acima teria causado na balada? Escândalo? Furor? Medo? Mortes? Um incêndio? O mais provável é que tenha causado vergonha.

Simples não?

É o mesmo caso do exemplo abaixo:

- João comprou.

Comprou o que afinal? A frase fica incompleta e sem sentido, certo?

Tente assim:

- João comprou um caderno.

Viu a diferença?

O que é mais absurdo nessa história é o fato de que quem escreve esse tipo de coisa é jornalista. Ou deveria ser pelo menos. Acredito que um dos requisitos básicos para se exercer a profissão seja o domínio da língua portuguesa.

Tempos atrás, uma discussão sobre a necessidade ou não do diploma em jornalismo para o pleno exercício da profissão de jornalista foi tema de debate no STF. De maneira estúpida, só para variar, foi decidio pela manutenção da exigência do diploma. O exemplo acima deixa claríssimo que tal exigência é absurda. Qual o motivo de se fazer uma faculdade onde o domínio do portugês é essencial, para depois escrever esse tipo de asneira?

Outra expressão insuportável e que é usada constantemente é a ridícula "ninguém merece". Essa já é usada há vários anos e acredito que veio para ficar. Mas é deprimente mesmo assim. Pelo menos essa faz sentido, já que é sempre empregada depois que alguem relata ou vivencia determinada situação.

De qualquer maneira é um claro empobrecimento da língua portuguesa que demonstra de maneira evidente o processo de emburrecimento que já vem acontecendo há algum tempo em nosso país.

Quantas vezes você já viu alguém escrever "mais" ao invés de "mas"? Está cada vez mais comum. Veja no exemplo abaixo:

- Gosto de você, mais já tenho namorada.

Absurdo total. E isso é escrito. É só dar uma checada no facebook ou em qualquer diálogo pelo msn ou skype. Será que quem escreveu não percebeu o erro grosseiro que cometeu?

Mas não é só na escrita que a coisa vai de mal a pior não. Falando o desastre também é grande. Quer um exemplo? E o eterno para "mim" fazer? MIM não conjuga verbo, cara pálida. EU conjugo verbo. Viu que como é simples?

Vou ficando por aqui para não me alongar nesse assunto tão enfadonho, mas que me deixa muito irritado.

Tenho certeza de que quem me lê não comete esse tipo de erro e nem "causa" em lugar nenhum.

P.S. Não sou professor de português nem quero ficar dando aulas, mas algumas coisas são tão básicas que nem deveriam ser mencionadas.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário