sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Guia Básico de Cinema Volume VIII

Abordo hoje um gênero de filmes muito popular entre uns e detestado por outros: o terror. Eu mesmo não gosto muito de terror, porém desses filmes que posto hoje, gosto. São muito bons.

O problema dos filmes de terror é achar os que são sérios. A disparada maioria, incluindo os mais violentos e assustadores, é uma palhaçada total.  A grosso modo, é possível dividir em 3 grupos os filmes de terror. Os slashers, ou seja, filmes com a temática onde existe um maníaco assassino ou força sobrenatural ou criatura que vai caçando e matando os personagens, onde no final sobra apenas o herói, ou heroína; os filmes chamados gore, onde há grande exploração visual de violência explícita. Nesse subgênero se destacam os filmes de tortura; e, finalmente, os filmes que exploram ao máximo o suspense e clima de tensão crescente. Nesse tipo de filme, as coisas nem sempre são mostradas explicitamente (às vezes sim), mas o diretor trabalha muito mais com a sugestão e expectativa do que vai ocorrer.

São filmes desse terceiro grupo que trago hoje, sendo eles:


O Bebê de Rosemary - Rosemary's Baby (Roman Polanski - 1968)

Jovem casal se muda para o que parece ser o apartamento dos sonhos, mas logo coisas estranhas começam a acontecer. A situação piora quando a esposa Rosemary (Mia Farrow) fica grávida. Ela começa a ser assediada constantemente pelos estranhos vizinhos. Seu marido também tem uma súbita mudança de atitude, o que leva Rosemary a pensar que existe alguma seita ou culto ocultista que deseja raptar seu filho assim que nascer. Rosemary não sabe mais em quem confiar, incluindo seu marido.

Já li vários comentários sobre esse filme e tem muita gente, inclusive pretensos jornalistas e entendidos do assunto que não consideram O Bebê de Rosemary como um legítimo filme de terror. Certamente essas pessoas esperam por muito sangue, visceras e cabeças cortadas, coisa que não acontece aqui. Quando o filme é bom e bem feito não precisa de apelação visual para que seja entendido. Aqui a tensão é crescente, outra coisa interssante é que, como nada é explícito, o telespectador não sabe se o que acontece é real ou algum delírio de Rosemary. A cena final é totalmente inesperada e emblemática. Um Clássico absoluto.


O Exorcista - The Exorcist (William Friedkin - 1973)

Baseado no livro homônimo de William Peter Blatty, O Exorcista trata da possessão demoníaca da garota Regan MacNeil (Linda Blair) de 12 anos de idade pelo demônio assírio pazuzu. No princípio sua mãe, a atriz de cinema Chris MacNeil (Ellen Burstyn), acha que as alterações de humor e comportamento da garota são em função da puberdade. Quando todos os exames médicos se mostram incapazes de mostrar qualquer irregularidade com Regan, que só piora, um dos médicos sugere que seja feito um exorcismo. Para isso, Chris pede ajuda aos padres Karras (Jason Miller) e Merrin (Max Von Sydow).

O Exorcista é considerado por muitos como o maior filme de terror de todos. Não sei, pois não sou especialista no gênero, mas certamente é um filme marcante e assustador. Mais uma vez o diretor não fica apelando para sustos, mas vai construindo a tensão da estória aos poucos. Mesmo assim tem algumas cenas bem interessantes, como a que a menina desce a escada de 4 mas com a barriga para cima.

Outra coisa interessante é o fato de que o escritor do livro, William Peter Blatty se inspirou em um fato noticiado em 1949 na cidade de Georgetown, sobre o terrível exorcismo a que foi submetido o garoto Robbie Manhein de 14 anos. Ele teria sido possuído após utilizar uma tábua de Ouija para se comunicar com o tio morto.

Existem ainda várias curiosidades e situações estranhas que envolvem o filme, como o fato de que Linda Blair foi ameaçada de morte por fanáticos religiosos e teve que ficar sob a guarda de seguranças contratados pelo estúdio durante 6 meses, ou então o fato de a casa onde foram gravadas as cenas externas ter ficado 30 anos sem conseguir ser alugada ou vendida. Após isso, a casa foi comprada pela Warner e hoje é um ponto turístico.    


A Profecia - The Omen (Richard Donner - 1976)

O filme começa na sugestiva 6ª hora do 6ª dia do 6º mês, onde o embaixador americano em Roma, Robert Thorn (Gregory Peck), para esconder de sua esposa que o seu bebê nasceu morto, é aconselhado por um padre que estava na maternidade a trocar seu filho por um bebê cuja mãe morrera ao dar a luz. Com o passar do tempo, estranhos acontecimentos em torno do garoto Demian começam a acontecer. Uma série de eventos bizarros levam o pai de Damian a acreditar que seu filho é a encarnação do anticristo e que deve ser destruído.

Esse é outro filme de terror muito bem executado e que foge do lugar-comum de sustos e correria, explorando o terror psicológico. Na verdade, esse filme é o primeiro de uma série de 3 filmes. O 2º filme da série também é muito bom, retratando Damian na adolescência. O 3º e último mostra Damian na idade adulta, mas é um filme muito inferior aos outros. Teve também uma refilmegem pavorosa em 2006 que não recomendo a ninguém. 

Alguns críticos manés dizem que A Profecia não é um clássico e que ainda se trata de um filme de terror B, o que é um absurdo, pois conta com atores consagrados (além de Gregory Peck, o elenco ainda conta com Lee Remick e David Warner), além de ter sido indicado a vários Oscar e faturado um. Outro fator importante é que o filme foi rodado com apenas U$ 2.8 milhões, uma quantia irrisória mesmo para os padrões da época. O filme foi um sucesso comercial enorme, tendo faturado U$ 60 milhões em bilherteira só nos EUA.


Carrie, a Estranha - Carrie (Brian DePalma - 1976)

Baseado no 1º livro de Stephen King, foi também a 1ª adaptação de um livro de King para o cinema. Carrie trás a estória de Carry White (Sissy Spacek), uma adolescente frágil e melancólica, perseguida e sem amigos, que mora praticamente isolada do mundo com a mãe, uma fanática religiosa. Depois de um incidente no chuveiro da escola, uma das alunas que a perseguiam fica com remorso e convence seu namorado, um rapaz popular, a levar Carrie ao baile de formatura. Chris, (Nancy allen) das alunas que perseguiam Carrie e que foi proibida de ir ao baile por conta de suas armações contra ela, prepara, com a ajuda de seu namorado Billy (John Travolta), uma vingança humilhante para Carrie, porém seus atos terão consequências catastróficas.

Esse é um filme muito interessante, onde, no começo parece se tratar apenas de mais um daqueles filmes sobre drama adolescente. Porém, quando vai evoluindo, com a uma construção primorosa dos personagens de mãe e filha, descobrimos a demência da mãe de Carrie e o fato dela ter enorme poder telecinético. Não se deixe enganar por isso. O uso que ela faz de tal poder, é uma das sequências mais impressionantes que você pode assistir. Note a expressão no olhar de Carrie, quando percebe que Chirs e Billy irão atropelá-la. É assutadora e extremamente marcante. Duvido que, se você assistir ou se já assistiu esse filme, venha a esquecer aquele olhar enfurecido.

Certamente é um dos grandes momentos do terror, com cenas antológicas de terror físico e psicológico, sendo magistralmente executado por Brian DePalma.  


O Iluminado - The Shinning (Stanley Kubrick - 1980)

Mais uma obra-prima do mestre Stanley Kubrick, O Iluminado também é basedo em um livro de Stephen King. Agora a abordagem é sobre Jack Torrance (Jack Nicholson), um escritor que aceita emprego de zelador em um resort afastado durante o período em que esse se encontra fechado para o público durante o inverno. Ele se muda para o hotel com sua esposa Wendy (Shelley Duvall) e seu filho Danni (Danny Loyd). Não demora muito para que Jack comece a mostrar sinais de perturbação e Danni se mostrar uma criança notável com inteligência acima da média e poderes de paranormais.

Mais um grande filme de Kubrick, contando, dessa vez com o enorme talento de Jack Nicholson e atuação espetacular de Shelley Duvall. Aqui o clima de terror vai sendo construído aos poucos, enquanto sinais de demência vão surgindo em Jack. 

Devido à genialidade e habilidade de Stanley Kubrick, O Iluminado consegue ser aterrorizante sem mostrar praticamente nada de aterrorizante, tal é o clima de tensão claustrofóbica que é criado. Claro que também tem cenas extremamente marcantes, envolvendo principalmente o garoto Danni, como por exemplo a cena em que ele vê as duas irmãs esquartejadas no meio do corredor. Essa cena, inclusive, é considerada uma das mais aterrorizantes da história do cinama. O próprio Jack Nicholson afirmou que nunca mais conseguiu se livrar dos trejeitos do personagem. Clássico indispensável.  

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