segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Classe Media e o Feriado

Retorno litoral-Curitiba BR-376. Fonte portal Gazeta do Povo


Palavras mágicas para maioria dos brasileiros: feriado prolongado.

Que prazer. Relaxar, viajar com a família ou os amigos, pegar uma praia, visitar os parentes no interior. Oh vidão...!

Será mesmo?!

Na última quarta-feira 14/11/2012 leio em algum portal de notícias que 1.8 milhão de carros deixavam a capital paulista rumo ao litoral e interior.

Que absurdo. É muita gente.

Em Curitiba, a expectativa era de que quase 100 mil carros rumassem para o litoral.

Descobri que as pessoas em geral e a classe média especificamente (sim, pois é ela que só pode viajar em feriados prolongados), tem uma relação de amor e ódio com os feriados.

Pode apostar. Pense um pouco e você verá que tenho razão.

Imagine a cena: Vem chegando o feriado e o pessoal já começa a ficar animado, faz planos, checa a previsão do tempo, junta todo mundo, faz as malas, enche o tanque, calibra os pneus, completa o óleo, separa o dinheiro do pedágio e pé na estrada. 

E aí, nada. A primeira frustração já mostra sua cara logo de saída. O Trânsito. Congestionamento desgraçado para sair da cidade (claro, já que todo mundo teve a brilhante ideia de aproveitar ao máximo cada minuto e, portanto, precisa sair logo após o término do expediente às 18h00min). Aqui começa o inferno!

Assim que você alcança a estrada, adivinhe. Isso mesmo, mais fila e congestionamento. Provavelmente algum acidente. E assim você prossegue alegremente sua jornada rumo ao litoral. De acidente em acidente, de pedágio em pedágio e novamente de acidente em acidente, até chegar ao seu destino. Não vamos nos esquecer, é claro, que toda viagem que se preze, feita em feriados prolongados, costuma levar de 3 a 4 vezes mais tempo do que o normal.

Quando você finalmente chega à praia, surpresa. Mais engarrafamento, pois litoral bom mesmo é aquele sem estrutura para comportar todo o enorme movimento extra que os maravilhosos feriados produzem.
Daí para frente você já sabe. É fila para tudo. Começa dentro de casa mesmo, para usar o banheiro, passando pela panificadora (nesse caso são duas filas, uma para comprar e outra para pagar), no supermercado, no restaurante (aqui, além da fila para entrar e sentar existe uma gostosa espera em ser atendido e servido), etc. Isso sem contar o agradabilíssimo exercício de tentar conseguir uma vaga para estacionar. Uma aventura muito divertida.

Se você for uma pessoa de muita sorte vai receber ainda a inesperada e sempre prazerosa visita do seu cunhado. E ele nunca vem sozinho, claro. Traz todo mundo com ele, até os amigos dos filhos. Agora sim a folia está completa. Para te alegrar ele vai consumir todos os alimentos e bebidas que você conseguiu comprar depois de diversas horas agradáveis no supermercado. Por falar nisso, é sempre bem vinda a ajuda do cunhado na hora das compras, pois ele, além de escolher até o iogurte favorito da filha, na hora de ir ao caixa, vai lembrar de algo que “esqueceu” de procurar e te encontra lá fora, dali a pouco. Muito legal. Não tem como não gostar do sujeito.

Outro fator muito bacana, que vem abrilhantar sua estada na praia no feriado, são os simpáticos grupos de jovens, sempre consumindo doses cavalares de cerveja ou outra bebida alcoólica de menor valor e qualidade, que conseguem comprar. Constantemente molestando as meninas que passam por perto e ouvindo os piores exemplares de sertanejo (universitário), pagode, axé ou funk, ou seja, o pior lixo que nossa cultura conseguiu produzir. É realmente um enorme prazer ver uma juventude tão bonita, alegre, saudável e com bons hábitos.

Isso tudo me faz refletir. Se esse cara sabe que vai enfrentar tudo isso, se sabe que só vai se incomodar e se irritar, por que diabos passar por isso toda vez?

Pensei muito a respeito e só posso chegar a uma explicação. É a tal relação de amor e ódio que citei anteriormente. Se nosso herói da classe media não aproveitar seu feriado, ele estará sendo passado para trás por ele mesmo. E isso ele não vai admitir em hipótese alguma. Imagine ficar em sua casa, com a cidade vazia, claro, já que vários como ele viajaram, e ter um pouco de sossego. Totalmente inadmissível. Como vai poder reclamar depois?

Tudo bem, ele que sabe, mas sem esquecer de que na volta vai ter que enfrentar todos os congestionamentos, um por um, novamente.

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